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Inovações na medicina diagnóstica: por que não se deve temê-las e como se preparar para as disrupções futuras

Article-Inovações na medicina diagnóstica: por que não se deve temê-las e como se preparar para as disrupções futuras

Novas tecnologias – que alteram não somente a maneira como nos comunicamos e exercemos nossas funções, mas também nosso estilo de vida – não param de dar diferentes significados à palavra “futuro”.

Novas tecnologias – que alteram não somente a maneira como nos comunicamos e exercemos nossas funções, mas também nosso estilo de vida – não param de dar diferentes significados à palavra “futuro”. No setor de saúde, e mais especificamente na medicina diagnóstica, os avanços colocam as instituições e profissionais em prova. As mudanças, que acontecem cada vez mais rapidamente, trazem com elas duas dúvidas centrais: qual será o novo papel dos profissionais de saúde com a chegada de sistemas inteligentes e assertivos? E como as tecnologias emergentes impactarão os processos até então estabelecidos?

Gustavo Meirelles, gestor médico de Radiologia com ênfase em Estratégia e Inovação do Grupo Fleury, analisa o cenário com otimismo. Para ele, as grandes inovações chegam para mudar o campo da saúde para melhor, e não é possível olhar para a tecnologia sem olhar para o aspecto humano. “Muitos profissionais acreditam que na medicina, principalmente em áreas diagnósticas – como a minha –, as máquinas os substituirão. No entanto, eu não os vejo desempregados porque vamos mudar nossa forma de trabalhar. É essa discussão que precisamos ter nas instituições médicas e de formação de novos profissionais. Não podemos mais ficar focados em competir com as tecnologias, mas sim em ver o que elas trazem de bom para reforçar o valor do profissional. A máquina vai, por exemplo, detectar e notificar alterações, mas em relação à interface humana, à relação com o paciente, é função do médico”, analisa.

Thiago Júlio, gerente de Inovação Aberta e curador do Cubo Health, do Grupo Dasa, corrobora com Meirelles e acrescenta que é preciso entender que qualquer tecnologia é sempre disruptiva e chega para substituir um sistema vigente. Porém, com a mudança, surgem também novas oportunidades. “Precisamos mudar o modo como encaramos essas disrupturas. Acredito que três pontos são essenciais para isso: transdisciplinaridade, crowdsourcing e experimentar mais modelos de negócios”, pontua.

Transdisciplinaridade diz respeito à evolução da multidisciplinaridade, contexto no qual não basta mais ter pessoas de diferentes especialidades no mesmo time, mas é preciso ter indivíduos com habilidades diversas. “O médico precisa entender de tecnologia; o gestor, de ciência de dado; o cientista de dado, de anatomia; e assim por diante. Essa cultura de aprendizagem de novas disciplinas é bastante fundamental”, explica.

Por sua vez, o crowdsourcing é caracterizado pelo trabalho em comunidades, em que cada um contribui da forma que pode mais. “Os problemas do setor de saúde são de todo mundo, e precisamos trabalhar em conjunto para resolvê-los. Quando digo juntos, não é só entre instituições, mas com pacientes, familiares, poder público e agências reguladoras”, salienta Júlio.

Por fim, experimentar modelos de negócio ressalta a importância de testar novas possibilidades, aceitar mais os riscos e medir os resultados com rapidez para corrigir os erros. “A medicina é uma área em que, geralmente, são feitos grandes projetos que envolvem muitas pessoas, tempo e dinheiro. Claro, no setor da saúde é mais difícil porque envolve muitas questões – como segurança do paciente e descoberta de novas drogas –, mas devemos tentar absorver essa cultura do empreendedor de startup, que começa pequeno e com pouco investimento, testa o produto do ponto de vista do usuário, continua melhorando e, se não funcionar, muda de direção e tenta algo novo”, explica o gerente de Inovação Aberta.

Mesmo com esses possíveis caminhos para um futuro mais harmonioso com a tecnologia, ambos os gestores acreditam que a sociedade, apesar de estimular algumas discussões, não está se preparando para essas mudanças. “Continuamos ensinando nossas crianças e nossos residentes da mesma forma que no passado. Precisamos estimular cada vez mais o pensamento crítico e a criatividade, muito mais do que o raciocínio analítico puro, já que este, em grande parte, vai ser substituído pela máquina”, analisa Meirelles.

Thiago Júlio é ainda mais incisivo com relação à falta de preparo. ”Quando o momento é de um discurso de medo, parece que estamos literalmente jogando a favor desse cenário catastrófico. Por isso, urge revisitarmos, em todos os níveis, a forma como estamos agindo agora.”

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